Os coscoréis são uma iguaria tradicional profundamente enraizada nas práticas culturais e sociais do concelho da Sertã. Este frito doce, cuja receita é passada de geração em geração, desempenha um papel central em diversas festividades e celebrações locais, como casamentos, batizados e festas religiosas. A história dos coscoréis remonta a uma época em que a economia rural dependia fortemente da agricultura e da produção comunitária de alimentos.

Documentário

Isabel Marçal, residente na Cumeada, aprendeu a fazer os Coscoréis com a geração mais velha e a sua filha Andreia Marçal Nunes aprendeu com ela. Hoje confecionam este doce e tentam preservar a tradição. Isabel Marçal conta como os moinhos, operados por várias famílias, eram responsáveis pela produção da farinha de trigo, um dos ingredientes essenciais para os coscoréis. Alguns desses moinhos eram coletivos e organizados de forma que cada família tivesse um dia específico para moer os seus cereais. Parte da farinha, cuidadosamente peneirada duas vezes, era destinada à confeitaria, resultando numa textura fina e delicada, ideal para a preparação dos coscoréis.

Este frito era também um símbolo de partilha e solidariedade. Durante os casamentos, por exemplo, os coscoréis eram distribuídos aos vizinhos como forma de agradecimento pela sua ajuda na preparação da festa ou como retribuição de alguma prenda. Este gesto reforçava os laços comunitários e perpetuava a tradição. No entanto, com o passar dos anos, a prática de fazer coscoréis tem enfrentado desafios. Por implicar um processo de preparação manual e moroso, tem diminuído o número de pessoas que o confecionam.