MEMORIAMEDIAExposições virtuais
participantes no Círio
Duas gerações de praticantes do Círio, Pocariça (Susana Valente, Helena Valente, João Paulo André e João Pedro André)

O Círio de Olhalvo é uma tradição transmitida entre gerações. Testemunhos como o de Nelson Costa, que herdou o trator do avô e começou a participar aos 15 anos, ilustram esta forte ligação familiar e a assimilação da tradição como parte integrante do percurso de vida. Tanto Nelson Costa como Susana Valente e João Pedro sublinham a importância de manter viva a tradição que herdaram da família. Susana considera esta tradição “fascinante”, e “não pode deixar de participar”.

O Círio, além do seu propósito devocional, é um evento de coesão social e celebração da identidade. E o empenho de diversas gerações permitiu que a devoção resistisse às mudanças políticas, sociais e económicas, incluindo a revolução de 1910 e as transformações agrícolas do século XX. “Nem nos anos da peste ou da revolução de 1910 deixou de organizar-se”, destaca Hernâni de Lemos Figueiredo (2006). A pandemia de COVID-19 representou um desafio sem precedentes. No entanto, mesmo nesses anos, a devoção manteve-se, com a Bandeira e o Guião a serem levados à Nazaré para uma cerimónia religiosa simbólica. 

trator, pormenor
Três gerações de praticantes do Círio, Pocariça

O futuro próximo do Círio de Olhalvo parece garantido. A tradição é transmitida desde a infância e o envolvimento familiar, desde a preparação dos tratores até à participação na jornada, assegura que o conhecimento e o apego à tradição sejam passados adiante. João Pedro afirma que, com 25 anos, já ensina os mais novos.

A comprovada adaptabilidade do Círio é um fator crucial para a sua permanência. A capacidade de ajustar os meios de transporte, os horários e a duração das festividades, sem comprometer o núcleo devocional, demonstra uma flexibilidade que permite à tradição manter-se relevante em contextos sociais em constante mudança. A organização rotativa entre as três localidades da freguesia (Olhalvo, Penafirme da Mata e Pocariça) é um mecanismo que fomenta a comunhão e assegura a permanência da tradição. 

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