MEMORIAMEDIAExposições virtuais
Bandeiras e Guião do Círio de Olhalvo

Insígnias e Símbolos do Círio

O Círio é encabeçado pelo “Guião” (uma Cruz) e por duas Bandeiras da Senhora da Nazaré, que são propriedade da Paróquia de Olhalvo. Uma das Bandeiras possui uma Cruz de prata, que, apesar de antiga, é mantida e reparada.

As insígnias são sempre as mesmas, independentemente da localidade organizadora, o que lhes confere  um caráter de continuidade e unidade para a freguesia.  De acordo com o texto de Hernâni de Lemos Figueiredo (2006), as insígnias do Círio de Olhalvo possuem detalhes de grande valor histórico e artístico. Em particular, as hastes das Bandeiras e do Pendão, assim como a Cruz deste, são em prata lavrada, o que denota a sua antiguidade e a importância que lhes era atribuída. Num dos anéis da haste da Cruz encontra-se uma inscrição que fornece informações sobre a sua proveniência e propósito: “He da Freguesia de N. Srª da Incarnação do Lugar de Ilhalvo do Sírio dos Mordomos de N. Srª da Nazaré Feita no Mês de Agosto de…”. O autor refere que ainda há cerca de 20 anos, “num dos anéis de prata que cobriam, de alto a baixo, a haste que suporta a Cruz, havia uma gravação onde constava que esta Cruz de Prata tinha sido oferta da família Correia, de Penafirme da Mata, na altura mordomos do Círio; hoje, não se sabe quem era essa família e o anel desapareceu, assim como todos os outros, com a exceção daquele onde se encontra a primeira gravação, apesar de mutilada, porquanto desapareceu o local da data  (1798)”(pp.5). 

O Andor com a Imagem da Nossa Senhora da Nazaré, do Santuário da Nazaré, está presente na missa de sábado e na procissão.

Os tratores que participam no Círio são cuidadosamente “engalanados” e enfeitados. A decoração inclui elementos fixos, como “telhadinhos com plástico” para proteção contra a chuva, e palmeiras, que são colocadas no dia anterior à partida para evitar que sequem. Além disso, são utilizados festões, laços, bandeirinhas e cópias com a cena do milagre de D. Fuas Roupinho. A decoração é uma tradição familiar, onde cada família personaliza o seu transporte.

O “Chora” é um veículo distintivo do Círio de Olhalvo, descrito como um tipo carruagem com bancos corridos. Testemunhos recordam que, nos anos 70 e 80, havia dois “Choras” que eram cedidos ao Círio, eram as carruagens que, antes de haver ascensor na Nazaré, serviam para transportar as pessoas até ao Sítio. Entretanto danificados, um residente do Olhalvo restaurou um reboque e construiu um novo “Chora”, agora da sua propriedade. Quando presente, o “Chora” vai à frente da procissão, levando o Guião, o Padre e o gaiteiro, liderando o cortejo. 

As insígnias, a decoração dos tratores e o “Chora” são símbolos imbuídos de significado que materializam a fé, a história e a identidade da comunidade. A sua manutenção, por vezes com esforço e investimento pessoal, demonstra a resiliência da tradição e o empenho dos participantes. 

Gaiteiro em S.Mamede
Gaiteiro Joaquim Silva. Capela de S. Lourenço, S. Mamede

Locais de Culto 

A jornada do Círio de Olhalvo é pontuada por uma série de locais de culto, entre eles:

  • A Igreja de Nossa Senhora da Encarnação, em Olhalvo — ponto de partida e de encerramento do Círio, onde se recebe a bênção inicial e se celebra a missa de regresso. É também o local onde são guardadas as insígnias;
  • As paragens rituais em São Mamede (Capela de São Lourenço) e Óbidos (Igreja do Senhor da Pedra). Estes locais não são meros pontos de descanso, mas sim espaços onde se realizam momentos de peditório (em São Mamede), oração e as simbólicas três voltas (na Igreja do Senhor da Pedra);
  • O Santuário de Nossa Senhora da Nazaré e “o Sítio” é o destino final da peregrinação e o epicentro da devoção.  A Capela do Bico da Memória é referida como o local onde as primeiras pessoas a irem à Nazaré em promessa teriam orado, possivelmente com Vasco da Gama.

Temos 1105 visitantes e 0 membros em linha