Talhos, eiras, esgoteiro, poço e pilares (forquilhas) das picotas junto ao poço ©Memória Imaterial
De acordo com a documentação existente e os testemunhos locais de alguns salineiros, podemos descrever a estrutura tradicional das salinas de Rio Maior com base em cinco elementos funcionais, todos eles ainda hoje presentes nas salinas:
1. o poço e as picotas ou cegonhas situados na parte central das salinas - o poço tem cerca de 9 m de profundidade e 3,75m de diâmetro, onde coexistem duas nascentes de água: uma de água salgada e outra de água doce; das duas picotas que serviam para tirar a água restam apenas os pilares que se encontram nos dois lados do poço. As picotas deixaram de funcionar depois de introduzidas as motobombas, primeiro a petróleo e depois elétricas;
2. os talhos ou cristalizadores, correspondem aos espaços delimitados dentro das salinas, de fundo plano, originalmente em argila, mas atualmente em cimento ou pedra, com dimensões médias de 7x5 m e profundidade de 20 cm onde se efetua a cristalização, com uma pequena depressão chamada de barroca destinada a acumular a água e a sujidade que se produz durante o processo de limpeza; os talhos são circundados por pequenos carreiros por onde os salineiros se deslocam entre os compartimentos, chamados de baratas.
3. as regueiras – canais que permitiam o escoamento da água para os talhos, ainda existentes nas salinas, mas perderam a sua funcionalidade tendo sido substituídas por mangueiras. As salinas são divididas por um regato natural. Na parte nascente, existem quatro regueiras: Valado do Poço; Trás-os-Montes; Norte e Seilão. Na parte norte: Valada d’Além; Cucherne e Canoeira;
4. os esgoteiros - reservatórios ou tanques de armazenamento de salmoura, têm cerca de 1,5 m de profundidade e recebem a água do poço através das regueiras. Atualmente coexistem com os concentradores, que têm a mesma função, mas são de maior dimensão e estão localizados na parte superior das salinas permitindo, depois de algum tempo de evaporação, que a água desça para os talhos, por gravidade, com um grau de salinidade superior ao da retirada do poço;
5. as eiras - espaços construídos em madeira, em forma de tabuleiros retangulares, onde se coloca o sal, em forma de pirâmide, a escorrer/secar (cerca de 60h) antes de ser transportado para os armazéns.